O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, levou sua filha, apontada por serviços de inteligência como possível sucessora, para o desfile militar realizado nesta quarta-feira (3) em Pequim. A jovem, cuja identidade ainda não foi confirmada oficialmente, acompanhou o pai na tribuna de honra ao lado dos ditadores da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, em um gesto simbólico que reforça a exposição crescente dela nos eventos do regime.
A presença da herdeira chama atenção porque reforça uma estratégia antiga de Pyongyang de dar visibilidade à próxima geração da dinastia Kim. Segundo a agência sul-coreana Yonhap, a jovem – que afirmam se chamar Kim Ju-ae – também participou de uma recepção oficial oferecida pelo ministro das Relações Exteriores do regime da China, Wang Yi, na véspera do desfile.
O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul avalia que a jovem poderá ser a sucessora direta de Kim Jong-un, “embora outras possibilidades não estejam descartadas”.
Desde novembro de 2022, quando foi vista pela primeira vez em público ao lado do pai durante o lançamento de um míssil balístico intercontinental, a jovem passou a ocupar espaço recorrente nos eventos oficiais.
Em 2023, Kim Ju-ae apareceu novamente em destaque durante um desfile militar em Pyongyang, no qual foram exibidos mísseis intercontinentais e armamento nuclear. Na ocasião, estava acompanhada não apenas do pai, mas também da mãe, Ri Sol-ju, primeira-dama do país.
Apesar da exposição crescente, pouco se sabe sobre a vida privada da jovem. As autoridades de Seul acreditam que Kim Jong-un e sua esposa tiveram três filhos, nascidos entre 2010 e 2017. A primeira referência pública a Kim Ju-ae veio do ex-jogador de basquete americano Dennis Rodman, que afirmou em 2013 ter segurado a jovem ainda bebê, durante uma visita a Pyongyang.
No desfile em Pequim, Kim dividiu a tribuna de honra com Xi Jinping e Vladimir Putin. Foi a primeira vez em mais de seis décadas que os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte apareceram juntos em um evento público. As imagens exibidas pela imprensa estatal mostraram Kim em posição de igualdade ao lado de Xi e Putin, enquanto dezenas de outros líderes estrangeiros acompanhavam mais afastados.
O gesto projetou uma mensagem de unidade entre os três regimes. Segundo a agência Yonhap, a atitude de Pequim pode indicar que Xi “está disposto a aceitar a nova aliança entre Pyongyang e Moscou, que inclui cooperação armamentista e um acordo de apoio militar em caso de agressão”.
A escolha de levar a filha à cena internacional ecoa a estratégia usada por Kim Jong-il em 2010, quando apresentou Kim Jong-un à China pouco antes de consolidá-lo como herdeiro. Para analistas, a repetição do gesto sugere que Pyongyang prepara terreno para garantir a continuidade da dinastia que governa o país com mão de ferro desde os anos 1940.
FonteGazeta do Povo