Ex-ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira foi o único dos réus que compareceu à primeira sessão do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito da suposta tentativa de golpe de Estado. O caso do chamado “núcleo 1” começou a ser analisado nesta terça-feira (2), pela Primeira Turma da Corte, e tem ainda outros sete réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O militar responde ao processo pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Paulo Sérgio Nogueira de apoiar a narrativa de fraude nas urnas e instigar a intervenção das Forças Armadas.
A acusação alega que ele teria “endossado a tese em reuniões de 2022 e participado de articulações para sustentar a ruptura democrática”. Em gravação obtida pela investigação, disse que via as Forças Armadas e o Ministério da Defesa “na linha de contato com o inimigo” e que era preciso “intensificar a operação”.
A defesa nega a acusação e afirma que o ex-ministro de Bolsonaro é inocente. Segundo seus advogados, Nogueira atuou para conter medidas radicais do ex-presidente e chegou a redigir um discurso em que Bolsonaro reconheceria o resultado da eleição.
“A gente acredita na Justiça e nas provas apresentadas nas alegações finais”, disse o general ao chegar ao plenário da Primeira Turma. A expectativa é de que o ex-ministro de Bolsonaro volte ao STF para acompanhar a sessão marcada para quarta-feira (3).
Bolsonaro acompanha julgamento de sua casa em Brasília
Por outro lado, Jair Bolsonaro acompanhou o início do julgamento de sua residência em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar há cerca de um mês. O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente, afirmou que seu cliente “não está bem de saúde” e por isso não iria às primeiras sessões de seu julgamento no STF.
Aos jornalistas, Vilardi disse que esteve com o ex-presidente, mas não deu mais informações sobre qual seria o mal-estar de Bolsonaro.
Antes disso, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, confirmou que o pai vai acompanhar o julgamento a partir de transmissões ao vivo pelos canais oficiais da TV Justiça. O parlamentar confirmou ainda que a ausência do pai aconteceu por questões de saúde.
O presidente da Turma, ministro Cristiano Zanin, reservou as seguintes datas para sessões extraordinárias: 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025, das 9h às 12h. Também está prevista uma sessão no dia 12, das 14h às 19h, além de sessões ordinárias nos dias 2 e 9 no mesmo horário vespertino.
Oposição faz reunião na casa de líder
Já os parlamentares de direita acompanharam a abertura do julgamento na casa do líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), em Brasília. O encontro contou com a presença de deputados como Nikolas Ferreira (PL-RJ), Ubiratan Sanderson (PL-RS), Lenildo Mendes (Caveira, PL-PA), Rodrigo da Zaeli (PL-MT) e a deputada Caroline Rodrigues de Toni (PL-SC).
Em coletiva de imprensa após o encontro, parlamentares reforçaram a defesa da anistia e criticaram a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal julgada pela Corte.
“A anistia precisa ser pautada esta semana. Entendemos que já está construído com os demais partidos, temos votos de plenário e não há motivo para não pautar, até para mostrar que a sociedade brasileira está querendo virar a página”, disse.
Segundo Zucco, a oposição pretende pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que o assunto entre na pauta com urgência. As tratativas serão feitas na reunião de líderes nesta terça (2) marcada para às 15h.
Em relação ao julgamento do Bolsonaro, Zucco ressaltou que “toda armação e perseguição política está sendo evidenciada nesse início do julgamento”. “Um avô de 70 anos, um pai de família sendo acusado por reuniões políticas, por subir em palanque. E a gente está vendo claramente que nenhum crime evidenciado aconteceu. Vemos uma clara evidência de revanche e perseguição”, disse.
O parlamentar também comentou sobre a mobilização para o 7 de setembro, afirmando que haverá atos em todas as capitais. “O dia 7 de setembro será marcado. Todas as capitais estarão lotadas, não só comemorando a anistia, mas principalmente mostrando para o Brasil a injustiça que está sendo feita com o presidente Bolsonaro.”
FonteGazeta do Povoe