Pressionado devido às denúncias de corrupção na Agência Nacional de Deficiência (Andis) envolvendo sua irmã e secretária-geral da presidência, Karina Milei, o presidente da Argentina, Javier Milei, vive seu momento político mais conturbado desde que chegou à Casa Rosada, em dezembro de 2023.
A primeira tentativa do libertário de superar essa crise ocorre neste domingo (7), quando serão realizadas eleições para 46 das 92 cadeiras na Câmara dos Deputados da província de Buenos Aires e para 23 dos 46 assentos no Senado bonaerense.
As eleições legislativas da mais populosa província argentina sempre são acompanhadas de perto pela Casa Rosada, mas este ano ganharam importância extra.
Além de representarem uma tentativa de Milei de começar a encerrar a crise política, o pleito deste domingo é a primeira eleição legislativa provincial de Buenos Aires desde 2003 a ser realizada em uma data diferente das eleições legislativas nacionais.
Dessa forma, as eleições bonaerenses estão sendo encaradas como uma espécie de prévia de 26 de outubro, quando os argentinos escolherão os ocupantes de 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados federal e de 24 dos 72 assentos do Senado.
Com o partido de Milei, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), em minoria nas duas casas nacionais, o presidente tem sofrido derrotas no Legislativo, o que torna a votação do mês que vem fundamental para que ele aprove seus projetos.
Outro fator que apimenta as eleições legislativas provinciais de Buenos Aires este ano é que o atual governador, o peronista Axel Kicillof, está sendo cotado para ser adversário de Milei na disputa presidencial de 2027.
Embora o cargo de Kicillof não esteja em disputa neste domingo (ele foi reeleito em 2023), o resultado da eleição provincial será o primeiro termômetro do possível embate com o presidente libertário daqui a dois anos.
Atos de violência ocorreram durante a campanha. Durante caravana do LLA na cidade de Lomas de Zamora, em 27 de agosto, pedras e garrafas de plástico foram atiradas na direção de Milei, que teve que deixar o local. A presidência argentina atribuiu o ataque a militantes kirchneristas.
Na quarta-feira passada (3), antes e depois do comício que encerrou a campanha do LLA, na cidade de Moreno, militantes entraram em confronto, uma garrafa foi atirada contra um jornalista e pedras foram lançadas contra o carro presidencial.
Também houve tumultos na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA) e em Corrientes, onde eleições provinciais foram realizadas em 31 de agosto.
No evento em Moreno, Milei comemorou o fato de o LLA aparecer em empate técnico (na Argentina, o voto é em lista fechada) com os peronistas nas pesquisas para a eleição legislativa da província de Buenos Aires (um tradicional reduto peronista) e voltou a alegar que as denúncias contra Karina têm motivação política.
“Em total desespero, eles [peronistas] estão atrás da minha família. Imaginem como devem estar as coisas na província de Buenos Aires, a ponto de mexerem com a minha irmã. Eles estão assustados, e no domingo vamos pintar a província de roxo”, afirmou Milei no comício, citando a cor-símbolo do LLA.
FonteGazeta do Povo