Em discurso ao Congresso americano em janeiro de 2002, o então presidente George W. Bush usou o termo Eixo do Mal para se referir a um grupo de países que considerava as maiores ameaças aos Estados Unidos naquele momento: Irã, Iraque e Coreia do Norte.
Em maio daquele ano, o então subsecretário de Estado John Bolton acrescentou Cuba, Líbia e Síria a esse grupo.
Agora, políticos americanos voltaram a usar intensamente o termo Eixo do Mal, para descrever a aliança entre China, Rússia e Coreia do Norte, cujos ditadores, Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un, confraternizaram nesta quarta-feira (3) em Pequim, onde foi realizado um grande desfile militar em comemoração pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia.
Como chineses e norte-coreanos apoiam a invasão russa à Ucrânia – no primeiro caso, indiretamente, até onde se sabe; no segundo, diretamente – e como os três líderes compartilham o desejo de desestabilizar o Ocidente, o evento foi encarado pelos Estados Unidos como o reforço de uma mensagem de ameaça.
Na rede Truth Social, o presidente americano, Donald Trump, ironizou e pediu que Xi se lembrasse dos americanos que lutaram contra o Japão (inimigo chinês) na Segunda Guerra Mundial.
“Por favor, transmita meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América”, escreveu Trump.
Outros políticos americanos alertaram sobre o significado do encontro entre Putin, Xi e Kim. No Facebook, o senador democrata Sheldon Whitehouse compartilhou uma notícia sobre o desfile militar em Pequim e escreveu: “O Eixo do Mal está de volta”.
Em entrevista à Fox News, o deputado republicano Carlos Gimenez disse que o Irã, ao lado de Coreia do Norte, China e Rússia, também integra o Eixo do Mal (as três ditaduras também têm outros aliados, como Cuba, Venezuela e Nicarágua).
“Esses são os grandes atores, é o novo Eixo do Mal. O fato deles estarem juntos [no desfile em Pequim] não me surpreende nem um pouco, essas quatro nações são a maior ameaça ao nosso modo de vida, à cultura ocidental. Elas querem destruir nosso modo de vida, precisamos acordar para esse fato”, afirmou Gimenez.
Em entrevista ao The New York Times, Joseph Torigian, professor associado da Universidade Americana, de Washington, disse que o significado do encontro desta quarta-feira reside no fato de China e Rússia considerarem que a vitória na Segunda Guerra Mundial ainda precisa ser completada.
“Tanto para Xi quanto para Putin, a vitória custou caro, mas foi incompleta. Eles acreditam que ‘forças hegemônicas’ ainda querem impor um modelo estrangeiro e bloquear seu lugar de direito no mundo”, disse Torigian.
“Agora, eles querem usar a lembrança da guerra para ‘vacinar’ as gerações futuras contra os valores ocidentais e legitimar a ordem global que idealizam”, explicou.
FonteGazeta do Povo