O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD-SP), defendeu o posicionamento do chefe do Executivo do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que reforçou a articulação pela anistia no Congresso Nacional e tem feito críticas contundentes ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista à Gazeta do Povo, Ramuth ponderou que o discurso do governador de São Paulo durante a manifestação do último 7 de Setembro foi corroborado pelo voto do ministro Luiz Fux no Supremo, que abriu divergência no entendimento apresentado pelo relator Alexandre de Moraes e pelos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, que se manifestaram pela condenação de Bolsonaro pela suposta tentativa de golpe de Estado.
Ramuth avalia que a relação de Tarcísio de Freitas com os ministros do STF não deve sofrer abalos, apesar do tom adotado pelo governador paulista, que classificou o relator do caso, Alexandre de Moraes, como “tirano” durante manifestação em apoio à anistia, no último fim de semana. “Isso [o discurso] foi corroborado agora por um colega do próprio Moraes dentro do STF, dias depois da manifestação. A gente vê o Fux com uma linha muito parecida daquilo que foi dito. Por isso, acredito que essa posição do governador, no calor do discurso, não vá atrapalhar a relação com o STF”, afirma Ramuth.
Ele considera que o voto de Fux teve o embasamento técnico necessário para contrapor o que foi apresentado na relatoria por Moraes, o que deve repercutir no Congresso. “É uma resposta à altura da formulação da acusação dentro do STF, com uma possibilidade de uma resposta à altura dentro do Legislativo. Isso é natural, é normal, pois eles [parlamentares] foram eleitos com a missão de representar o povo”, acrescenta.
Questionado sobre a possibilidade de o governador se lançar como candidato a presidente da República, Ramuth respondeu que o foco da gestão é o estado de São Paulo e que Tarcísio mantém a posição em favor da anistia, independente do cálculo político para uma eventual corrida presidencial. “Tarcísio sempre defendeu essa pauta, foi leal a Bolsonaro e só será candidato a presidente se convocado por ele. Seria uma missão, não uma tarefa fácil, pois Lula é especialista em eleições. O cenário é de disputa dura.”
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Vice-governador de SP ressalta “movimento real pela anistia”
Para o vice-governador paulista, mais importante que o discurso no palanque é o “movimento real pela anistia”, articulado por Tarcísio de Freitas, ao colocar o capital político a favor da pauta no Congresso Nacional, investindo em conversas com senadores e deputados federais.
Para ele, a “resposta democrática” deve vir do Legislativo, que foi eleito para a tomada de decisões, com a maioria dos votos no Congresso Nacional, respeitando a separação dos Poderes. “Ainda que eleitos, não somos nós, do Poder Executivo, tampouco o Judiciário. […] É uma saída técnico-política, a ser construída dentro do possível e precisa de um bom arcabouço técnico para [a anistia] não ser questionada depois. Isso foi o movimento que Tarcísio começou a fazer”, defende Ramuth.
Aliado do secretário de Governo na gestão Tarcísio e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, Ramuth avalia que o partido não deve fechar questão sobre a pauta da anistia. “Por isso que o PSD cresceu tanto, pois respeita esses posicionamentos e o presidente Kassab nunca exigiu um fechamento de questão em relação ao assunto ‘a’, ‘b’ ou ‘c’. Assim será na anistia, na minha visão, e no futuro pleito eleitoral”, opina o vice-governador de Tarcísio.
FonteGazeta do Povoe