O regime chavista pediu nesta segunda-feira (8) que os cidadãos da Venezuela se preparem em “todas as frentes” diante do envio de tropas militares dos Estados Unidos ao mar do Caribe, em tese para combater o narcotráfico.
A declaração partiu de Diosdado Cabello, ministro do Interior, Justiça e Paz, e secretário-geral do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do ditador Nicolás Maduro, em entrevista transmitida pela emissora estatal VTV.
“Não estamos convocando nenhuma guerra, nem queremos guerra com ninguém. Mas nosso povo deve estar preparado e alerta, em todas as instâncias, em todas as frentes, de todas as maneiras e formas”, afirmou.
Cabello também insinuou que opositores internos podem agir como aliados dos EUA.
“Se há algo com que devemos nos preocupar são os internos que estariam dispostos a trabalhar para o imperialismo”, disse, sem apresentar nomes ou detalhes. Na semana passada, Cabello ameaçou aumentar a repressão contra a oposição democrática, principalmente contra a líder opositora María Corina Machado, por estar apoiando a ação dos EUA no Caribe.
Ainda na entrevista, o número 2 do chavismo anunciou que o PSUV debaterá no fim de semana propostas para enfrentar o que considera “ameaças” dos americanos.
Mais cedo, o ministro da Defesa chavista, Vladimir Padrino López, declarou que a Venezuela segue em “alerta e sem medo” frente às operações americanas no Caribe, que Caracas classifica como uma tentativa de provocar mudança de regime. Segundo ele, os EUA buscam “provocar a divisão da Força Armada Nacional Bolivariana e também provocar a saída de traidores”.
Washington enviou para o Caribe cerca de oito navios militares armados com mísseis, além de um submarino nuclear, sob o argumento de combater o narcotráfico. Na semana passada, dez caças F-35 foram deslocados para uma base em Porto Rico. Em resposta, o regime de Maduro mobilizou embarcações próprias, além de convocar milhões de combatentes da milícia e pedir à ONU e à comunidade internacional que se posicionem.
Visando justamente obter apoio internacional, Caracas intensificou nesta segunda-feira contatos diplomáticos com um velho parceiro: o regime do Irã. O chanceler venezuelano, Yván Gil, agradeceu ao regime iraniano por defender “os princípios e objetivos da Carta das Nações Unidas” e pediu que países do BRICS e aliados latino-americanos condenem firmemente a ação dos EUA. Já o ministro iraniano Abbas Araghchi declarou que ameaçar “o uso da força” contra nações em desenvolvimento “constitui uma clara violação da Carta das Nações Unidas e uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais”.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, também criticou os EUA durante a cúpula virtual do BRICS, citando as pressões contra a Venezuela, a agressão sofrida por Teerã em junho e os conflitos no Oriente Médio como “provas claras do fracasso da ordem mundial em garantir a paz, a justiça e a segurança internacional”.
FonteGazeta do Povo