Uma força-tarefa composta por órgãos estaduais e federais realizou, nesta quinta-feira, 25, uma ofensiva contra um esquema que unia jogos de azar e venda de combustíveis adulterados, em São Paulo. Ambos os ilícitos têm suposta ligação com a mesma fintech investigada por lavar dinheiro para a facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Batizada de Spare, a operação mobilizou 25 mandados de busca e apreensão em diversos municípios do Estado. O Ministério Público de São Paulo identificou Flávio Silvério Siqueira, conhecido como “Flavinho”, como o principal articulador das fraudes.
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O homem seria o responsável por movimentar recursos ilícitos do crime organizado por meio de postos de combustíveis. Familiares e outros envolvidos teriam atuado como laranjas, segundo as apurações.
Origem das investigações e envolvimento da fintech
As investigações começaram depois de apreensões de máquinas de cartão em pontos clandestinos de jogos de azar, em Santos (SP). Esses equipamentos estavam vinculados à empresa Ponto Mingatto Ltda. Em outro endereço investigado, também no litoral, foi localizada uma máquina de pagamentos registrada no nome do Auto Posto Carrara Ltda.
Depois da quebra de sigilo bancário, autoridades constataram que os dois estabelecimentos faziam transferências para a fintech BK Bank, cuja função seria ocultar a origem ilícita dos valores e dificultar o rastreamento do destino desses recursos.

O Ministério Público detalhou que a BK Bank já havia sido identificada como peça-chave em outra operação, chamada Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto. Nessa ação, o objetivo era desmontar um esquema que teria movimentado milhões de reais em fraudes fiscais, lavagem de dinheiro e atuação de integrantes do PCC no setor de combustíveis.
Na investigação da Carbono Oculto, a fintech BK Instituição de Pagamento S.A. foi apontada como o núcleo financeiro do grupo criminoso. Ela seria a responsável por captar recursos e facilitar a aquisição de empresas, sempre com o objetivo de esconder a origem do dinheiro e dificultar rastreamentos.


O volume de transações consideradas suspeitas na fintech chega a quase R$ 18 bilhões em créditos e o mesmo valor em débitos, todos ligados a empresas com vínculos ao PCC. Boa parte desse fluxo passou pela filial de Ribeirão Preto (SP), envolvida diretamente com usinas sucroalcooleiras e distribuidoras de combustíveis controladas pelo grupo.
Outro dado da investigação mostra que a BK Bank serviu de canal para uma rede de postos que movimentou mais de R$ 54 bilhões. Contudo, declarou à Receita Federal apenas 0,17% desse montante em tributos, porcentual considerado incompatível com o regime de lucro real.
Operação contra o PCC e o crime organizado


O Ministério Público ressaltou que a apuração que resultou na Operação Spare revelou uma rede extensa de pessoas físicas e jurídicas, de setores como o hoteleiro, postos e instituições financeiras. Todos os negócios supostamente operam um sistema paralelo de contabilidade para burlar o controle dos órgãos competentes.
Os promotores informaram que a intenção era realizar a Operação Spare em conjunto com a Carbono Oculto. No entanto, a primeira instância do Judiciário negou pedidos cautelares, o que obrigou recurso ao Tribunal de Justiça para obter autorização para as buscas.
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Os mandados estão sendo cumpridos em endereços localizados em São Paulo, Santo André (SP), Barueri (SP), Campos do Jordão (SP), Osasco (SP), Santos (SP) e Bertioga (SP). Ao todo, participam 64 servidores da Receita Federal, 28 do Ministério Público, além de agentes da Secretaria da Fazenda e cerca de cem policiais militares.
Fonte:Revista Oeste









