Avalanche de vitórias democratas sacudiu o país — e em Nova York, a eleição de Zohran Mamdani confirma que o partido mudou de marcha, enquanto o outro lado dispara alertas
A noite desta terça-feira (4) foi de virada para os democratas. Em uma série de disputas locais e estaduais nos Estados Unidos, o partido da estrela azul conquistou vitórias que muitos já chamam de “onda democrática”. Em estados-chave, centros urbanos e cidades com alto custo de vida, o eleitorado enviou um recado claro: mudou o humor político do país.
Entre os destaques, está Nova York, a maior e mais influente cidade americana, onde o cargo mais cobiçado foi conquistado por um nome da ala mais à esquerda do Partido Democrata. E em outras regiões, o partido consolidou vitórias estratégicas que reforçam o desgaste republicano no cenário local e estadual.
Nos estados da Virgínia e de Nova Jérsei, os democratas venceram as disputas para governador — o que foi lido como uma resposta direta ao estilo de Donald Trump. Em dezenas de outras eleições municipais e estaduais, o partido conquistou cadeiras e prefeituras que antes estavam sob controle republicano, sinalizando uma mudança significativa no mapa político do país.
Nos estados-chave, os resultados reforçaram o cenário de avanço democrata: na Virginia, a democrata Abigail Spanberger foi eleita governadora derrotando a republicana Winsome Earle‑Sears por cerca de 57% contra 43% dos votos. Além disso, os democratas conquistaram também o cargo de vice-governadora com Ghazala Hashmi – tornando-se a primeira mulher muçulmana eleita para um cargo estadual nos EUA.
O índice de remuneração da vitória, os candidatos vitoriosos e a ampliação de maioria legislativa estadual mostram que não se tratou de simples sorte: uma mudança real no humor do eleitorado. Em outros locais, como a Nova Jérsei, também se registraram vitórias democratas “robustas” nas disputas de governador – reforçando o que muitos analistas consideram uma onda de virada em favor dos democratas no país.
Esses resultados estaduais e locais pintam um mapa político mais favorável ao partido democrático, ao mesmo tempo em que levantam sérias questões para o partido republicano quanto à sua base de apoio, mobilização e narrativa, principalmente em áreas urbanas e suburbanas pressionadas por custo de vida, moradia e transporte.
Ou seja: sim, há uma “onda azul”, com crescimento real dos democratas, ainda que não seja um domínio absoluto.
Foco em Nova York: quem é Zohran Mamdani e o que está em jogo
Zohran Mamdani fez história. Ele é o primeiro prefeito muçulmano eleito de Nova York e também o primeiro de origem sul-asiática. Nascido em Kampala, Uganda, ele se mudou ainda criança para os Estados Unidos, cresceu no bairro do Bronx e fez carreira política representando o Queens, uma das regiões mais diversas da cidade.
Durante a campanha, Mamdani apresentou um programa agressivo, centrado em temas econômicos e sociais: prometeu congelar o valor dos aluguéis em imóveis regulados, tornar o transporte público gratuito (pelo menos os ônibus), aumentar o salário mínimo para 30 dólares por hora e criar mercearias públicas nos bairros com maior custo de vida. Essas propostas o colocaram como símbolo de uma ala mais radical do partido democrata e despertaram críticas de setores empresariais e moderados.
Na eleição geral de 4 de novembro de 2025:
• Zohran Mamdani venceu com 50,4% dos votos válidos;
• O ex-governador Andrew Cuomo, que disputou como candidato independente após perder a primária democrata, ficou em segundo lugar, com 41,6%
• O republicano Curtis Sliwa terminou em terceiro, com 7,1%;
• O comparecimento foi o maior em décadas: mais de 2 milhões de nova-iorquinos foram às urnas.
Nas primárias de junho, Mamdani já havia superado Cuomo por 56,4% a 43,6%, o que confirmou a força da ala progressista dentro do próprio partido.
O embate com Trump e as reações políticas
O confronto entre Mamdani e Donald Trump começou ainda durante a campanha. Trump chegou a dizer, publicamente, que se Mamdani vencesse, ele cortaria recursos federais destinados à cidade de Nova York. Após a vitória, Mamdani respondeu em tom provocativo, durante o discurso que viralizou: “Donald Trump, já que eu sei que você está assistindo: aumente o volume”.
O presidente reagiu logo em seguida nas redes sociais, afirmando que os republicanos perderam “porque o nome dele não estava na cédula” e porque parte da base conservadora não compareceu às urnas. Ele ainda chamou Mamdani de “comunista lunático” e prometeu que “não dará um centavo” de verbas federais a Nova York enquanto ele for prefeito.
Essa troca de farpas escancarou o tom de confronto direto entre o novo prefeito e o presidente, transformando a vitória em Nova York em um novo capítulo da guerra política nacional.
Como os republicanos estão reagindo
O Partido Republicano reagiu de forma dura à chamada “onda azul”.
• Líderes do Congresso afirmaram que as vitórias democratas foram “locais e circunstanciais” e que não representam uma tendência nacional.
• Já o Comitê Nacional Republicano (RNC) e o Comitê Republicano do Congresso (NRCC) iniciaram uma ofensiva para associar Mamdani à ala radical dos democratas, usando sua vitória em campanhas publicitárias contra parlamentares moderados do partido.
• Entre os bastidores, o discurso é de que o resultado teria sido diferente se Trump estivesse formalmente na disputa ou se o comparecimento republicano fosse maior.
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Trump reforçou essa tese ao afirmar que “a ausência do meu nome nas cédulas e o fechamento de parte do governo foram as duas razões pelas quais os republicanos perderam ontem”.
Enquanto isso, comentaristas conservadores alertam que a vitória de Mamdani — com promessas consideradas economicamente inviáveis — pode se tornar um fardo para o Partido Democrata.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
FonteJovem Pan News









