A oposição na Câmara dos Deputados realizou nesta terça-feira (2) uma reunião para alinhar estratégias diante do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Em coletiva de imprensa após o encontro, parlamentares reforçaram a defesa da anistia e criticaram a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), afirmou que a prioridade da oposição é colocar em votação o projeto de anistia ainda nesta semana.
“A anistia precisa ser pautada esta semana. Entendemos que já está construído com os demais partidos, temos votos de plenário e não há motivo para não pautar, até para mostrar que a sociedade brasileira está querendo virar a página”, disse.
Segundo Zucco, a oposição pretende pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que o assunto entre na pauta com urgência. As tratativas serão feitas na reunião de líderes nesta terça (2) marcada para às 14h.
Em relação ao julgamento do Bolsonaro, Zucco ressaltou que “toda armação e perseguição política está sendo evidenciada nesse início do julgamento”. “Um avô de 70 anos, um pai de família sendo acusado por reuniões políticas, por subir em palanque. E a gente está vendo claramente que nenhum crime evidenciado aconteceu. Vemos uma clara evidência de revanche e perseguição”, disse.
O parlamentar também comentou sobre a mobilização para o 7 de setembro, afirmando que haverá atos em todas as capitais. “O dia 7 de setembro será marcado. Todas as capitais estarão lotadas, não só comemorando a anistia, mas principalmente mostrando para o Brasil a injustiça que está sendo feita com o presidente Bolsonaro.”
Caroline de Toni critica Moraes e fala em “perseguição política”
A líder da Minoria, deputada Caroline de Toni (PL-SC), voltou a acusar Moraes de parcialidade no processo contra Bolsonaro.
“O processo está sendo julgado na turma e não no plenário. Não há prova robusta de qualquer crime que ele tenha cometido. Num país sério, esse processo teria sido declarado nulo desde o início. Nada mais é do que uma perseguição política”, declarou.
Ela classificou o julgamento como “um capítulo triste da história brasileira” e disse que a oposição seguirá denunciando o que chama de arbitrariedades.
“Estamos aqui pela verdade e pela justiça, nem que custe a nossa liberdade e os nossos mandatos.”
O vice-líder da oposição, deputado Sanderson (PL-RS), defendeu que uma eventual condenação de Bolsonaro reforça a necessidade de aprovar a proposta de anistia.
“Com essa condenação vão cair todos os argumentos de que não teria como levar adiante o projeto. Estamos cada vez mais próximos da aprovação da anistia para pacificar o Brasil, virar a página e olhar para frente. Anistia já!”, disse.
Marcel van Hattem fala em “estado de exceção”
O líder do Novo, deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), afirmou que o Brasil vive um “estado de exceção” e acusou o STF de promover “justiçamento” político.
“O tribunal já nem pode ser chamado exatamente de tribunal de justiça, porque não está fazendo mais justiça, está fazendo justiçamento. Não apenas com Jair Bolsonaro, mas também contra milhares de brasileiros que não tiveram direito ao devido processo.”
Ele também citou supostas revelações do ex-assessor de Moraes, Eduardo Taliapietra, para questionar a legalidade das prisões relacionadas ao 8 de janeiro.
“Essas falsas provas são baseadas em narrativas políticas, não em fatos. O Congresso precisa tomar uma posição definitiva em favor da pacificação do país, e isso só vai acontecer com a anistia.”
FonteGazeta do Povo