O governo dos Estados Unidos decidiu retirar a sobretaxa que incidia sobre as exportações brasileiras de celulose e ferro-níquel, segundo confirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta quinta (11). Esses itens já haviam ficado de fora do tarifaço de 50% imposto no mês passado pelo presidente Donald Trump, mas ainda estavam sujeitos a uma alíquota adicional de 10% aplicada em abril pela Casa Branca.

No entanto, com a mudança, passam a entrar no mercado norte-americano sem essa barreira tarifária. Segundo dados do MDIC, o Brasil exportou cerca de US$ 1,84 bilhão em celulose e ferro-níquel para os Estados Unidos no ano passado, o que representou 4,6% do total embarcado ao país.

O principal destaque foi a celulose, especialmente nas categorias de “pastas químicas de madeira não conífera” e “pastas químicas de madeira conífera”, responsáveis por US$ 1,55 bilhão.

Com a decisão, os produtos isentos somam-se a outros já livres das tarifas adicionais, representando 25,1% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Em contrapartida, outros dez itens também tiveram a tarifa de 10% retirada, mas continuam submetidos à cobrança de 40% específica contra o Brasil.

Nesse grupo estão minerais brutos, níquel e herbicidas, que renderam cerca de US$ 113 milhões em vendas ao mercado norte-americano no último ano.

“O governo segue empenhado em diminuir a incidência de tarifas dos EUA sobre os produtos brasileiros. A mais recente ordem executiva dos EUA representa um avanço sobretudo para o setor de celulose do Brasil. Mas ainda há muito a ser feito e seguimos trabalhando para isso”, declarou o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin.

Apesar da medida, itens como café e cacau brasileiros permanecem sujeitos ao tarifaço de 50%, sem alteração nas regras atuais. Para o setor agrícola, isso mantém parte da competitividade limitada em relação a outros exportadores.

Em nota, o MDIC informou ainda que 76 produtos brasileiros passaram a estar sujeitos apenas às tarifas da Seção 232 da Lei de Comércio dos EUA, sem novas sobretaxas adicionais. Outros sete itens, ligados a insumos químicos e plásticos industriais, passaram a pagar também a tarifa de 10%, além dos 40% já aplicados exclusivamente ao Brasil. Esse grupo somou aproximadamente US$ 145 milhões em exportações para os norte-americanos em 2024.

A decisão de retirar a sobretaxa ocorre em meio à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Há a expectativa de que novas sanções ao Brasil sejam aplicadas, na esteira do que ocorreu com a taxação de 50% em que Donald Trump citou o julgamento como um dos motivos.

Na véspera, Trump afirmou estar insatisfeito com o resultado, enquanto que o secretário de Estado, Marco Rubio, sinalizou a possibilidade de adotar novas sanções contra o Brasil. “Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”, afirmou.

“Eu assisti ao julgamento, conheço-o muito bem. Como líder estrangeiro, achei que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso possa acontecer. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de forma alguma”, declarou Trump.

O presidente americano e Rubio não adiantaram que medidas adicionais serão tomadas contra o Brasil.