A recente vitória de Zohran Mamdani em Nova York acendeu um alerta no mundo dos negócios e na política americana. O deputado estadual, uma das vozes mais conhecidas da ala socialista do Partido Democrata, consolidou sua influência ao vencer as eleições locais com um discurso fortemente progressista – defendendo aumento de impostos para grandes empresas, ampliação de programas sociais e mais regulação sobre o setor privado.

A mensagem de Mamdani, filho de imigrantes e aliado político de figuras como Alexandria Ocasio-Cortez, é clara: “As grandes corporações precisam pagar mais para garantir justiça econômica.”

Mas essa linha de pensamento, aplaudida pela esquerda nova-iorquina, tem causado apreensão entre empresários e investidores.

Nos últimos dias, diversos governadores de estados do sul e do centro-oeste dos Estados Unidos reagiram publicamente ao novo cenário político de Nova York — e lançaram uma verdadeira ofensiva para atrair empresas que estejam considerando deixar o estado.

O governador do Tennessee foi um dos primeiros a se pronunciar, em tom firme e provocativo:

“Se você é dono de uma empresa em Nova York e não gosta da direção que sua cidade está tomando, temos uma mensagem para você:
O Tennessee está aberto para negócios. Economia forte. Impostos baixos. O governo não vai atrapalhar seus negócios. O Tennessee é o lugar ideal para quem valoriza oportunidades, segurança e liberdade.”

Logo depois, o governador do Texas entrou na conversa, reforçando o mesmo discurso:

“Enquanto Nova York cria barreiras, o Texas cria pontes. Aqui, o empreendedor encontra energia acessível, impostos baixos e um governo que confia na iniciativa privada. Não fugimos de quem produz – nós o celebramos.”

Na Flórida, o tom foi ainda mais direto e com recado político explícito:

“Nova York escolheu mais Estado. Nós escolhemos mais liberdade. Se você quer crescer, empregar e prosperar sem medo, venha para cá. Aqui, o governo é parceiro, não obstáculo.”

Outros estados, como Geórgia, Carolina do Norte e Oklahoma, também se manifestaram publicamente, oferecendo incentivos fiscais, infraestrutura e estabilidade regulatória para atrair negócios descontentes com a nova direção de Nova York.

Economistas e analistas políticos veem o movimento como mais um capítulo na disputa entre dois modelos de gestão que hoje dividem os Estados Unidos: De um lado, estados democratas, com alta carga tributária, forte presença do governo e ênfase em redistribuição de renda; do outro, estados republicanos, que apostam em liberdade econômica, desburocratização e impostos baixos como motores de desenvolvimento.

Desde 2020, grandes empresas de tecnologia, finanças e logística — incluindo Tesla, Oracle, Goldman Sachs e outras — já transferiram parte de suas operações para estados como Texas, Flórida e Tennessee, em busca de um ambiente mais favorável.

Agora, com a ascensão de nomes como Zohran Mamdani, o movimento pode ganhar novo fôlego.

“A guerra fiscal entre estados americanos se tornou também uma guerra de valores”, resume um analista político ouvido pela JP.

“Enquanto Nova York dobra a aposta em políticas progressistas, o sul responde com a bandeira da liberdade econômica.”

E a mensagem, repetida em coro por diversos governadores, deixa pouco espaço para dúvida:

“Se Nova York quer punir o sucesso, nós queremos celebrá-lo. Se você quer empreender, venha para o sul — aqui, o futuro ainda acredita em você.”

Dados e Cenário

• O estado de Nova York reportou que cerca de 2,09% dos contribuintes mudaram de endereço para fora do estado em 2023 — uma queda em relação ao pico de 3,01% em 2021, mas ainda acima da média pré-pandemia (~1,9%).

• Entre os contribuintes com renda anual acima de USD 1 milhão, 2,78% deixaram o estado em 2023 — após picos de 6% durante a pandemia.

• Mais de 158 empresas, com cerca de USD 993 bilhões em ativos sob gestão, transferiram suas sedes de Nova York ou Califórnia para estados como Flórida e Tennessee entre 2020 e 2023.

• O Texas recebeu 324 realocações de sedes corporativas desde 2005 — o maior número entre todos os estados americanos.

• A taxa nacional de crescimento real do PIB nos EUA foi de 3,8% no segundo trimestre de 2025, com 48 estados registrando expansão econômica.

A disputa está posta.

E o recado dos governadores republicanos é simples, direto e estratégico: “Aqui, a liberdade ainda é um bom negócio.”

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.