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Facções expulsam moradores e transformam distrito do Ceará em ‘território-fantasma’

Facções expulsam moradores e transformam distrito do Ceará em 'território-fantasma'


O distrito de Uiraponga, em Morada Nova, localizado a cerca de 170 km de Fortaleza, transformou-se em um “território-fantasma” depois que facções criminosas impuseram um êxodo forçado a centenas de famílias. O vilarejo, que abrigava em torno de 300 lares, ficou quase deserto depois de uma guerra interna entre grupos rivais que disputam o controle da região.

Casas foram abandonadas, comércios fecharam as portas e serviços públicos entraram em colapso. A prefeitura suspendeu o atendimento no posto de saúde local, transferiu alunos da escola e declarou situação de emergência para tentar reorganizar o funcionamento básico da comunidade.

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“Antes da criminalidade, era uma comunidade boa de se morar”, disse um morador, sob condição de anonimato, ao portal g1. “Era uma comunidade muito ativa, com quadrilha junina, grupo de teatro, ações comunitárias para todos e festas. Podia ficar até tarde na rua, sem preocupação.”

Ruptura entre facções e campanha de terror

De acordo com o inquérito policial citado pelo g1, o conflito começou quando José Witals da Silva Nazário, conhecido como Playboy, rompeu com a facção Guardiões do Estado, aliou-se ao Terceiro Comando Puro e passou a enfrentar o antigo aliado Gilberto de Oliveira Cazuza, o Mingau, então chefe do tráfico local.

Ao lado de Márcio Jailton da Silva, o Piolho, Witals deflagrou uma campanha de intimidação que incluiu ameaças diretas, mensagens pelas redes sociais e ordens para que famílias abandonassem suas casas. Segundo o inquérito, o grupo tinha uma estrutura organizada, com “soldados” encarregados de execuções e de espalhar o medo.

“A atuação do grupo liderado por Witals não se limitou a ataques contra membros da facção rival, mas se voltou deliberadamente contra a população civil, utilizando a expulsão em massa e a imposição do medo como estratégia de domínio, em uma clara afronta à soberania do Estado e aos direitos fundamentais mais básicos dos cidadãos, sendo Márcio Jailton da Silva um de seus comparsas”, diz um trecho do inquérito.

O clima de terror se agravou depois de um tiroteio na madrugada de 3 de julho, quando quem ainda resistia decidiu fugir. A prefeitura ofereceu caminhões para ajudar nas mudanças, mas não apresentou planos de segurança nem de retorno. “Isso desapontou ainda mais as pessoas, que se sentiram sozinhas e acuadas”, disse o mesmo morador.

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Serviços paralisados e decreto de emergência

Em 1º de agosto, a prefeitura publicou um decreto reconhecendo a “situação anormal e emergencial” em Uiraponga. O texto declarou que as ameaças de facções e o abandono forçado de imóveis inviabilizaram a prestação de serviços básicos, como saúde, educação, limpeza, iluminação e segurança.

A administração autorizou medidas emergenciais, entre as quais a realocação de alunos para escolas em áreas seguras e o redirecionamento de atendimentos médicos para outras unidades do município. O posto de saúde local deixou de funcionar regularmente, e a escola passou a operar em outro endereço.

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Prisões e reforço policial

A Polícia Civil prendeu José Witals em 28 de julho, em um imóvel em São Paulo, depois de uma troca de informações com a segurança local. O criminoso já tinha passagens por homicídio, roubo e tráfico. No dia seguinte, foi capturado em Morada Nova o comparsa Márcio Jailton, investigado por pelo menos oito assassinatos.

O alvo principal agora é Gilberto Mingau, que segue foragido e figura entre os mais procurados do Ceará, com seis mandados de prisão em aberto. O governo estadual oferece R$ 7 mil de recompensa por informações que levem à sua captura.

Gilberto Mingau está foragido | Foto: Reprodução/SSPDSGilberto Mingau está foragido | Foto: Reprodução/SSPDS
Gilberto Mingau está foragido | Foto: Reprodução/SSPDS

A Secretaria da Segurança Pública afirma manter policiamento diário no distrito, com equipes da Polícia Militar, Força Tática, CPRaio e Cotar, além de operações de saturação para coibir grupos armados. Em setembro, uma ação batizada de Regnum Fractus cumpriu 11 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão.

O Ministério Público do Ceará acompanha o caso e diz atuar com as polícias e a prefeitura para garantir a retomada da normalidade, para a reabertura dos serviços públicos e para o retorno seguro dos moradores.

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Fonte:Revista Oeste

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