O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em voto na ação penal que apura um suposto golpe de Estado após as eleições de 2022, afirmou que “o Brasil quase voltou a uma ditadura que durou 20 anos” porque uma “organização criminosa”, segundo ele, liderada pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), “não sabe perder eleição”.
“O Brasil quase volta a uma ditadura que durou 20 anos porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições, porque uma organização criminosa constituída por um grupo político liderado por Jair Bolsonaro não sabe o que é um princípio democrático e republicano a alternância de poder”, argumentou Moraes.
“Quem perde vira oposição e disputa as próximas eleições. Quem ganha assume e tenta se manter nas eleições mas tenta se manter pelo voto popular”, completou o ministro relator.
“Brasil quase volta a uma ditadura porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições”, diz Moraes
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— Gazeta do Povo (@gazetadopovo) September 9, 2025
Durante a leitura de seu voto, Moraes já havia destacado que “não há dúvidas” que a suposta “organização criminosa” tentou a abolição ao Estado Democrático de Direito, gerando “dano ao patrimônio público”.
“Esse julgamento não discute se houve ou não tentativa de golpe, se houve ou não tentativa de abolição ao Estado de Direito. O que discute é a autoria, se os réus participaram, porque não há nenhuma dúvida, nessas todas condenações e mais de 500 acordos em não percepção penal, de que houve tentativa de abolição ao Estado Democrático de Direito”.
Além de Bolsonaro, são julgados o tenente-coronel Mauro Cid, delator do suposto plano; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022.
O julgamento da ação penal foi retomado nesta manhã pela Primeira Turma da Corte e deve se estender até sexta (12), com a divulgação da sentença e eventuais penas aos integrantes do chamado “núcleo 1” ou “crucial” do alegado plano.
Assim como ocorreu durante a primeira semana, o ex-presidente novamente decidiu não participar presencialmente do julgamento.
FonteGazeta do Povoe