O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que sua família pode deixar o PL caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ingresse na legenda. A declaração foi durante entrevista ao programa Contexto, do portal Metrópoles, nesta sexta-feira (29).
Atualmente, Tarcísio de Freitas está no Republicanos. No entanto, há tratativas para que ele se filie ao PL, partido que abriga Jair Bolsonaro e seus filhos. “De fato é algo que a gente pensa. Porque, da maneira que as coisas estão caminhando, existe um direcionamento para apagar a família Bolsonaro do cenário político”, disse Eduardo.
O deputado também avaliou a relação com Tarcísio de Freitas. “Se ele for eleito fica difícil ter uma participação nossa. Qual é o secretário bolsonarista que existe no governo Tarcísio? Não tem. Mas tem pessoas ali que são ligadas ao PSOL”, disse.
Por fim, destacou sua visão sobre Tarcísio. “Não estou criticando o Tarcísio. É uma pessoa de caráter íntegro, que não está metida em corrupção, um excelente gestor. Mas eu acredito que exista espaço para você tentar uma candidatura à direita”, afirmou.
Ele criticou o cenário judicial envolvendo o pai e os filhos. “É o Bolsonaro preso, censurado. Os filhos sem poder concorrer. A continuar nessa batida, vão me colocar centenas de anos de cadeia para não poder voltar ao Brasil. No máximo que vamos conseguir vai ser alguém da família virar senador ou deputado, mas totalmente fora do jogo”, afirmou.
VEJA TAMBÉM:
- Republicanos sinaliza Tarcísio como possível candidato à Presidência em 2026
- Se Tarcísio for candidato em 2026, será pelo PL – diz Costa Neto
Eduardo Bolsonaro propõe delegação brasileira permanente nos EUA
Além das críticas ao magistrado, Eduardo Bolsonaro abordou questões diplomáticas e comerciais envolvendo o Brasil e os Estados Unidos. Ele defendeu que o governo brasileiro mantenha uma delegação permanente em Washington para tratar diretamente com a administração Donald Trump.
“Vou dar o exemplo de um país que conseguiu resolver a questão tarifária: o Japão. O Japão montou uma comitiva e enviou para a capital americana, ficando à espera de agenda”, afirmou.
Sobre a relação de Lula com Trump, o deputado argumentou que o republicano tem adotado postura moderada. “Eu acho até que o Trump está sendo muito cordial com o Lula, porque duas semanas atrás ele disse que receberia uma ligação de Lula. Agora, o Lula tem que ter conduta de presidenciável”, afirmou.
Ele disse que a postura do atual presidente brasileiro estaria relacionada à manutenção do poder. “Lula está adorando essa questão tarifária, por poder culpar Trump por seu fracasso na parte econômica”, afirmou.
Eduardo minimiza ofensas ao pai e vê vazamento como estratégia política
Eduardo Bolsonaro comentou os diálogos divulgados em que aparece usando ofensas contra o pai, Jair Bolsonaro. “São conversas pessoais de pai para filho, que foram vazadas pela Polícia Federal. Eu não vejo motivo nenhum para expor esse tipo de coisa. Ali sou eu conversando com o meu pai de uma maneira não muito educada. Não é o meu perfil, normalmente eu trato meu pai até por senhor”, declarou.
Ele explicou que o episódio representou apenas uma discussão em família. “Mas, naquele momento, como dois homens que nós somos, e entre nós não tem frescura, eu estava dando uma sacolejada nele. Utilizei algumas palavras duras”, disse.
Em seguida, acusou a PF de agir politicamente. “A Polícia Federal, como é um aparelho de estado político, vazou de propósito para criar constrangimento e uma cortina de fumaça naquilo que interessa”, avaliou.
Ele concluiu afirmando que opositores exploraram o episódio. “Os nossos adversários se aproveitam para cair em cima de nós. Mas entre nós não tem hipocrisia, não tem frescura”, concluiu.
Deputado enfrenta indiciamento e ameaça de perda de mandato
Eduardo Bolsonaro reside nos Estados Unidos desde fevereiro de 2025. A Polícia Federal indiciou Eduardo e Jair Bolsonaro sob suspeita de crimes de coação no curso do processo e obstrução de justiça. O inquérito apura tentativas de articulação internacional para aplicação de sanções, como a Lei Magnitsky, contra o ministro Alexandre de Moraes.
O caso está agora sob análise da Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta denúncia ao Supremo. Caso seja denunciado e condenado, Eduardo pode enfrentar consequências políticas e criminais.
Paralelamente, ele solicitou à presidência da Câmara autorização para exercer o mandato parlamentar a partir dos Estados Unidos. A Constituição prevê perda de mandato para deputados que faltem a um terço ou mais das votações em um ano.
VEJA TAMBÉM:
- Eduardo Bolsonaro pede à Câmara para atuar dos EUA e alega perseguição política
- Paulo Figueiredo alerta sobre possibilidade de novas sanções dos EUA após julgamento de Bolsonaro
FonteGazeta do Povo