Cria de Gil de Ferran, britânico construiu uma proximidade com o técnico Abel Ferreira e o Palmeiras
Lando Norris não ostenta características singulares que forjaram campeões históricos da Fórmula 1, mas mesmo assim conseguiu, em uma temporada marcada por polêmicas e disputas acirradas, superar um companheiro de equipe competitivo e um tetracampeão para faturar o campeonato mundial de pilotos e pôr fim a uma hegemonia da Red Bull no último capítulo de um regulamento aerodinâmico fracassado. Cria da McLaren, contou com a mentoria de Gil de Ferran, piloto brasileiro, campeão na Indy e que morreu após um mal súbito no fim de 2023. Norris dedicou a vitória no Grande Prêmio de São Paulo de 2025, no Autódromo de Interlagos, a Gil. “Pensei nele muitas vezes durante a prova”, afirmou o britânico.
A relação de Norris com o Brasil não para por aí. Todas as vezes que vem ao país ganha mimos e mostra seu carinho pelo Palmeiras. O britânico construiu uma proximidade com o técnico Abel Ferreira. “Ele é um cara incrível, um grande líder. Consegui conhecer Abel um pouco melhor e, com isso, minha relação com o Palmeiras cresceu”, disse o britânico, conhecido por ser pé quente. Nas duas vezes em que esteve no Allianz Parque, viu o clube alviverde sair de campo vitorioso.
Esta é a sétima temporada de Lando Norris na Fórmula 1. O britânico passou por todo o ciclo de reconstrução da McLaren desde que a equipe chegou ao fundo do poço em 2017. Em 2019, ele assumiu a titularidade e dividiu os boxes com pilotos mais experientes.
Norris conquistou sua primeira vitória na categoria apenas em 2024, no GP de Miami. Naquela temporada, somou outras três vitórias e chegou a fazer sombra a Verstappen no Mundial de Pilotos. Mas os resultados levaram a equipe de Woking ao título de construtores, feito repetido em 2025 com boa antecedência.
Neste ano, o cenário ficou amplamente favorável à McLaren. E esse foi o problema. Ao escolher Oscar Piastri, 24 anos, para ser companheiro de equipe de Norris em 2023, a escuderia sabia que estava unindo dois pilotos ambiciosos, jovens e com potencial para disputar vitórias e títulos. Com o melhor carro do grid nas mãos, os dois batalharam dentro e fora das pistas para conquistar o principal troféu. Polêmicas, discussões e teorias circularam pela Fórmula 1 e azedaram o clima entre ambos
Desde a temporada passada, a McLaren deixou evidente sua inabilidade em lidar com a relação entre os dois pilotos. Acumulou desavenças desde o GP da Hungria de 2024, quando Norris teimou em devolver a liderança da prova a Piastri e manchou o que foi a primeira vitória do australiano na Fórmula 1. Em 2025, em Monza, nova decisão polêmica ao orientar a inversão de posições entre Norris e Piastri, prejudicando o australiano, que era líder do campeonato na ocasião.
Antes do GP do Catar, Piastri afirmou que, de fato, a McLaren levantou a possibilidade de que o australiano ajudasse Norris na conquista do título, mas a sugestão foi prontamente recusada, uma vez que a disputa ainda estava em aberto.
Longe de ser um novato na Fórmula 1, o britânico de 26 anos carrega consigo uma inexperiência em tomadas de decisão que afetaram o que poderia ser um campeonato tranquilo. Max Verstappen, só dois anos mais velho, tem um perfil completamente diferente e uma mentalidade invejável na busca por seus objetivos. Assim como outros icônicos pilotos da categoria, o holandês foge da passividade e prefere o enfrentamento, muitas vezes com ações eticamente questionáveis.
Norris costuma abusar da ironia e se mostra facilmente incomodado com críticas, melindroso. Foi assim quando foi vaiado no Grande Prêmio do México ou em ocasiões em que é questionado por jornalistas sobre imperfeições em seu desempenho.
Com ou sem ajuda da McLaren, fato é que Norris conseguiu se reencontrar no carro após uma sequência sem subir no lugar mais alto do pódio na volta das férias de verão. Foi vitorioso na Cidade do México e em São Paulo, triunfos que serviram de trampolim para que ele concretizasse o sonho de ser mais um na lista de campeões mundiais de Fórmula 1.
*Com informações do Estadão Conteúdo









