Avanço de líderes autoritários pelo mundo reacende alerta sobre o futuro da democracia e das instituições
Nos últimos anos, a ascensão de lideranças populistas, independente de lados ideológicos, tem levantado questionamentos sobre a estabilidade das democracias liberais ao redor do mundo. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o avanço da extrema-direita na Alemanha e a vitória de Giorgia Meloni na Itália, o avanço autoritário de Nayib Bukele em El Salvador, e as ditaduras mais que claras de Nicolás Maduro na Venezuela, e do Partido Comunista na China, são alguns dos exemplos que acendem o alerta sobre o futuro do modelo democrático baseado na liberdade, no Estado de direito e no respeito às instituições.
O liberalismo democrático, que ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, sempre foi considerado um modelo de sucesso por equilibrar direitos individuais e instituições fortes. No entanto, desafios econômicos, desigualdade social e crises institucionais têm gerado um ambiente de insatisfação e desconfiança. Esses fatores são frequentemente explorados por lideranças populistas, que se apresentam como alternativas ao “sistema corrupto” e às elites políticas tradicionais.
A eleição de Trump em 2016 foi um marco na polarização da sociedade americana. Seu discurso nacionalista e a constante deslegitimação da imprensa e das instituições democráticas evidenciaram a fragilidade do sistema político dos EUA. Da mesma forma, a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, como a “AfD” na Alemanha e o “Irmãos da Itália” no governo de Meloni, demonstra que esse fenômeno não está restrito a uma região específica.
A crise das democracias liberais não se manifesta apenas na ascensão de governos autocráticos, mas também no descrédito das instituições democráticas. Fake news, manipulação da opinião pública por redes sociais e ataques ao judiciário tornam-se armas poderosas na mão de líderes que desafiam a ordem democrática.
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Apesar disso, o avanço do autoritarismo encontra resistência. Movimentos civis, imprensa independente e a própria estrutura institucional das democracias têm sido barreiras contra retrocessos mais graves. As alterâncias de poder, com as recentes derrotas de Trump em 2020 (apesar de seu retorno em 2024), Jair Bolsonaro no Brasil, em 2022, do Kirchnerismo na Argentina em 2023, por exemplo, mostraram que, apesar dos ataques, os sistemas democráticos ainda têm força. A mudança pacífica de chefes de estado, apesar dos sobressaltos, em países como Uruguai, Coreia do Sul, Noruega, entre outros, é exemplo de que a democracia resiste, inclusive em nações altamente desenvolvidas.
Assim, as democracias liberais enfrentam desafios significativos, mas ainda estão longe de um colapso irreversível. O futuro dependerá da capacidade das instituições de se adaptarem a esse novo cenário e de como as sociedades responderão a esses desafios.
*Rafael Resende é empreendedor, consultor em gestão pública e ciências políticas e líder Livres.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.









