No programa Última Análise desta terça-feira (02), os comentaristas avaliaram a “denúncia-bomba” de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes, que caiu sobre o ministro, enquanto o julgamento sobre a trama golpista se iniciava no Supremo Tribunal Federal (STF). Tagliaferro denunciou uma fraude processual nas atividades de Moraes, em relação a uma ordem de busca e apreensão contra empresários de direita, em agosto de 2022. Já no julgamento, antes mesmos de ouvir os acusados, Moraes fez um discurso a favor da punição.
“Poderia colocar Alexandre de Moraes na cadeia”, disse o vereador Guilherme Kilter, caso as alegações de Tagliaferro sejam comprovadas. Ele explicou que o crime de fraude processual é previsto no artigo 347 do Código Penal, com pena de 3 meses a 2 anos de detenção e multa.
Ainda, Tagliaferro explicou que a Polícia Federal realizou a busca e apreensão de celulares e aparelhos eletrônicos de oito empresários, por uma ordem baseada em apenas uma reportagem, do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.
O ex-juiz de direito Adriano Soares da Costa considerou “muito grave” que essas ordens tenham sido determinadas por matérias jornalísticas. “Tagliaferro é uma prova viva. É alguém de dentro, que participou e confeccionou estes atos. O seu depoimento é sobre fatos dos quais participou. É muito denso o papel do ex-assessor”, ele explica.
Nesta quarta-feira (03), no programa Café com a Gazeta, no YouTube, Tagliaferro disse que entregou provas contra o ministro do STF ao governo dos Estados Unidos e ao Senado brasileiro. Ainda, disse que Moraes “age por impulso, pelo que vê na imprensa” e “desrespeita o rito comum da justiça”.
O primeiro dia de julgamento da trama golpista
A Primeira Turma do STF começou, nesta terça-feira (02), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, acusados de tramar um golpe de Estado. Na primeira de oito sessões, previstas para terminarem em 12 de setembro, Moraes leu o seu relatório, seguido pela sustentação do procurador-geral da República, Paulo Gonet e pelo início das falas dos advogados de defesa.
Kilter ressaltou que “a repercussão das denúncias do Tagliaferro, no mesmo horário, foi muito maior do que o julgamento de Bolsonaro e da trama golpista”. Já em relação ao julgamento, o vereador diz que ele deveria ser interrompido, diante das graves denúncias do ex-assessor de Moraes.
Nos depoimentos da defesa, foram ouvidos os defensores do tenente-coronel Mauro Cid (que inicia esta fase por ter sido ele a fazer a delação premiada), do deputado Alexandre Ramagem, do almirante Almir Garnier e do ex-ministro Anderson Torres.
“Na realidade todo o Brasil já sabe o resultado. Porque a gente não está falando de um julgamento jurídico, mas de um julgamento político”, criticou a cientista política Júlia Lucy. Porém, ela diz que há boas chances deste julgamento ser anulado, pelo teor das alegações apresentadas por Tagliaferro.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
FonteGazeta do Povo