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Carta de diplomata brasileiro expõe contradição na Síria após massacre

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Uma carta do presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Síria, Paulo Sérgio Pinheiro, expõe as contradições no país após a queda de Bashar al-Assad e o início do governo interino liderado por Ahmed al-Sharaa.


O que aconteceu?

  • Os alauitas são o segundo maior grupo étnico-religioso da Síria, com a estimativa de 2,6 milhões de pessoas vivendo no país.
  • A etnia é a mesma da família Assad, que comandou a Síria com mãos de ferro por mais de cinco décadas.
  • Em março, grupos alauitas, apoiadores do ex-governo de Assad, se envolveram em confrontos com forças da nova administração do país. 
  • A onda de violência atingiu três províncias na Síria, e deixou mais de 1,4 mil mortos, a maioria deles civis.

Pinheiro escreveu para o chanceler da Síria, Asaad al-Shaibani, com o objetivo de informar o governo sírio sobre o relatório da comissão acerca da onda de violência que tomou conta do país, entre janeiro e março deste ano.

À época, mais de 1,4 mil pessoas foram mortas após conflitos entre comunidades alauitas, combatentes ligados ao ex-presidente Bashar al-Assad, e forças do atual governo. Os conflitos se estenderam pelas províncias de Latakia, Tartus e Hama.

Segundo o diplomata brasileiro, “graves violações de direitos humanos” continuam sendo registradas na Síria, apesar da queda do antigo regime. Na carta, anexada ao relatório final da ONU, Pinheiro afirmou que a comissão de inquérito constatou homicídios, sequestros e destruições de instalações médicas, o que pode configurar crimes de guerra.

Apesar de forças do governo al-Sharaa terem participado dos confrontos, o relatório afirma que a comissão de investigação não encontrou indícios de que a onda de violência tenha sido uma diretriz ou política deliberada, imposta pela nova administração síria.

Como novo governo sírio chegou ao poder? 

Além disso, o diplomata brasileiro disse que o atual governo da Síria têm cooperado com as investigações independentes da ONU, o que não acontecia anos atrás quando a família Assad comandou o país.

“Também desejo expressar nossa gratidão pela reunião frutífera que tivemos em março e por seu contínuo apoio e facilitação de nosso trabalho na Síria — em particular, nossa missão às áreas costeiras no mês passado”, expôs Pinheiro na carta.

Mesmo que a investigação da ONU tenha relatado violações contra a população síria, e ligado forças governamentais aos episódios de violência, o relatório foi bem recebido pelo atual governo do país.

Em resposta à carta de Pinheiro, o ministro das Relações Exteriores e Expatriados da Síria, Asaad al-Shaibani, agradeceu os esforços da ONU no caso e disse que o governo sírio tomou notas de recomendações da comissão contra novos episódios do tipo.

Além disso, ele aproveitou a troca de correspondências com o diplomata brasileiro para reiterar promessas da administração de al-Sharaa, como o respeito a dignidade humana e os esforços por uma maior união do povo sírio após anos de guerra civil.

“Tomamos nota de suas recomendações detalhadas e confiamos que elas — juntamente com as da Comissão Nacional Independente — servirão como roteiro para o progresso contínuo da Síria, dentro de nossas capacidades e apesar dos desafios internos e externos. Como Vossa Excelência observou, tais recomendações conclamam à expansão de esforços em curso e à adoção de medidas adicionais para consolidar a justiça, assegurar a responsabilização e prevenir a recorrência de violações”, escreveu o ministro sírio na carta de resposta.

Troca de cartas aconteceu dias após novo massacre na Síria

Apesar do relatório da comissão da ONU afastar a possibilidade de ordens do governo nos ataques de março, forças ligadas a al-Sharaa estiveram envolvidas em um novo massacre no país, dias antes da troca de correspondências entre Pinheiro e al-Shaibani. 

No início de julho, beduínos árabes sunitas — a mesma orientação religiosa do grupo que comanda a Síria atualmente — atacaram e roubaram o carro de um druso. A ação desencadeou retaliações de milícias drusas, e uma onda de sequestros e combates passou a tomar conta de Sweida.

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Combatente na Síria

Rami Alsayed/NurPhoto via Getty Images

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Combatentes na Síria

Stringer/Getty Images

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Homem ferido na Síria

Izettin Kasim/Anadolu via Getty Images

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Onda de violência na Síria

Stringer/Getty Images

Tropas do governo foram enviadas para a província onde os combates se concentraram. Os militares, contudo, se uniram aos beduínos e passaram a atacar os drusos, segundo organizações de direitos humanos da Síria.

Antes do cessar-fogo, anunciado oito dias depois do início dos combates, o governo israelense também se envolveu na onda de violência e voltou a bombardear a Síria. Isso, porque a minoria drusa no território mantém laços históricos com Israel, que classificou os combates como perseguição contra os drusos.

Ao todo, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (SOHR), contabilizou a morte de 1.653 pessoas nos combates entre drusos, beduínos e forças governamentais.



FonteMetrópoles

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