Os governos dos Estados Unidos e da Malásia oficializaram um amplo acordo de cooperação comercial que prevê mudanças significativas em tarifas de importação, regras de propriedade intelectual, padrões regulatórios e até questões trabalhistas e ambientais. O documento, assinado em Kuala Lumpur e previsto para entrar em vigor após a conclusão dos trâmites legais de ambos os países, foi apresentado como um passo estratégico para fortalecer cadeias produtivas e reduzir a dependência de parceiros considerados “não alinhados” aos interesses de Washington.

O presidente norte-americano, Donald J. Trump, e o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, destacaram que o objetivo central é garantir reciprocidade no comércio bilateral — algo que vai desde a redução de barreiras tarifárias até o alinhamento em medidas de segurança nacional.

Entre os pontos principais, a Malásia se compromete a reduzir tarifas para bens de origem norte-americana, eliminar barreiras técnicas consideradas excessivas e permitir a entrada de produtos dos EUA sem exigência de testes ou certificações adicionais, desde que atendam aos padrões internacionais reconhecidos. Em contrapartida, os Estados Unidos ajustarão tarifas de forma equivalente para produtos malaios.

O acordo também estabelece que a Malásia não poderá restringir importações ou adotar acordos técnicos que prejudiquem produtos agrícolas dos EUA, como carnes e laticínios — setor historicamente sensível em negociações internacionais.

Outro eixo relevante diz respeito à propriedade intelectual. O texto prevê que a Malásia deverá reforçar mecanismos de combate à pirataria e à falsificação, inclusive em ambiente digital, além de priorizar ações criminais e de fronteira para barrar produtos ilegais.

No campo digital, a Malásia ficará proibida de taxar serviços digitais de maneira que prejudique empresas americanas e deverá facilitar a transferência de dados entre os dois países, com previsões para cooperação em cibersegurança.

Há ainda dispositivos voltados à segurança econômica, permitindo que os Estados Unidos solicitem à Malásia a adoção de medidas equivalentes contra países considerados ameaças estratégicas — o que inclui controles de exportação e restrições na compra de tecnologias sensíveis. O acordo também condiciona futuras parcerias da Malásia com outras nações para evitar que prejudiquem interesses comerciais dos EUA.

Na área trabalhista, a Malásia terá o prazo de dois anos para implementar proibição de importação de produtos produzidos com trabalho forçado e reforçar fiscalização de direitos trabalhistas no setor privado.

Por fim, o documento projeta cerca de US$ 70 bilhões em investimentos malaio em território norte-americano ao longo da próxima década, principalmente nos setores de energia, transporte e telecomunicações.

O tratado poderá ser revogado por qualquer uma das partes mediante notificação, com efeito após 180 dias — cláusula vista como ferramenta para garantir que as regras sejam cumpridas.

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A assinatura marca mais um movimento dos EUA para consolidar parceiros estratégicos na região do Indo-Pacífico, onde a disputa de influência econômica e militar tem se intensificado.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.