O cenário financeiro do agronegócio brasileiro mudou nos últimos três anos: o índice de inadimplência no crédito rural dobrou, em um momento de margens mais apertadas e custos elevados. Esse crescimento, de 2% para 4%, preocupa produtores e instituições financeiras.
A queda dos preços internacionais das commodities, o encarecimento dos insumos agrícolas e juros altos contribuíram para o aumento do endividamento, ao comprometer a capacidade de pagamento dos produtores. Quem investiu pesado durante o período de preços recordes entre 2020 e 2022, agora enfrenta dificuldades para arcar com as dívidas assumidas.
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Na última segunda-feira, 15, durante o Fórum de Crédito e Endividamento Rural promovido pela Aprosoja-MT, informações detalhadas mostraram que a inadimplência de pessoas físicas junto aos bancos já chega a 5,9%, com 15,8% das operações renegociadas. Instituições públicas, como o Banco do Brasil, apresentam atrasos de 6,3% e renegociações em 16,4%, enquanto cooperativas mantêm índice de atraso em 0,4% por causa do Proagro.
🚨 Luz amarela no crédito
📉 Os pedidos de recuperação judicial saltaram +78,3% em 2024. Só as micro e pequenas empresas avançaram +100,8%!
🌾 E no campo? A inadimplência no crédito rural disparou para o maior nível da década.
🇧🇷 Juros altos, impostos subindo, crédito… pic.twitter.com/azpjzFwuCM
— Luigi Micales, CGA (@lmicales) August 7, 2025
Empresas do setor agrícola apresentam taxas menores de inadimplência, de 0,5%, com renegociações em torno de 6,5%, conforme apuração do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo João Ferrari Neto, analista do Banco Central, a diferença entre instituições públicas e privadas revela maior fragilidade no setor público diante do cenário atual.
Em busca de alternativas, especialistas defenderam três principais medidas no evento: ampliar subsídios governamentais, melhorar a gestão financeira das propriedades e incentivar a mediação extrajudicial para renegociação de dívidas. “Não podemos ter vergonha de buscar financiamento público para um setor estratégico da economia brasileira”, afirmou o economista Fábio Silveira, da MacroSector Consultores.
Ângelo Ozelame, fundador da Lucro Rural, ressaltou que decisões mais racionais, baseadas em dados concretos e no fluxo real de caixa, são essenciais para evitar novos desequilíbrios. Já o desembargador Mário Kono, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, defendeu que “a composição entre produtor, trading e instituições financeiras é o caminho mais eficaz para evitar a paralisia do setor”.
Custos, juros e clima agravam inadimplência no campo
No evento, também foi dito que o aumento dos custos, principalmente dos fertilizantes, e a elevação da taxa básica de juros desde 2022 pressionaram a rentabilidade das lavouras. A relação de troca da soja, por exemplo, subiu 22% em dois anos, segundo Fábio Silveira. “Estamos em plena crise, não temos outra palavra para utilizar neste momento.”
Além do cenário econômico, o setor também foi impactado por eventos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e secas no Centro-Oeste, que agravaram ainda mais a situação dos produtores.
“Vivemos uma alta inflação de insumos, a queda do preço das commodities e catástrofes climáticas”, disse o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber. Apesar das dificuldades, ele acredita que ainda há caminhos para superar a crise sem colapso no setor.
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Fonte: Revista Oeste









