A defesa do tenente-coronel Mauro Cid protocolou nesta sexta-feira (12) um pedido para a extinção da punibilidade e a imediata revogação de todas as medidas cautelares impostas a ele. Cid foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dois anos de reclusão, em regime aberto, por suposta tentativa de golpe de Estado.
O colegiado validou, por unanimidade, os termos do acordo no final do julgamento do “núcleo 1”, do qual ele faz parte, na noite desta quinta-feira (11). O acordo prevê a restituição de bens e valores apreendidos, extensão dos benefícios da delação ao pai, esposa e filha maior do militar e a ação da Polícia Federal para garantir a segurança do colaborador e seus familiares, bem como o sigilo dos atos de colaboração.
A defesa argumenta que, desde maio de 2023, Cid já cumpriu dois anos e quatro meses de restrições, entre os períodos de prisão preventiva em regime fechado e as medidas cautelares durante a liberdade provisória. Entre as restrições estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e nos finais de semana, proibição de ausentar-se da comarca e comparecimento semanal em juízo.
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“Extinto está, fora de toda dúvida, o cumprimento da pena fruto da condenação que lhe foi imposta por essa Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal nos autos da Ação Penal 2668/DF”, afirmaram os advogados César Bitencout, Vânia Bitencourt e Jair Pereira, que representam o militar.
Eles destacaram que o período de cumprimento das cautelares deve ser computado na detração da pena, uma vez que tais medidas impunham significativo cerceamento de liberdade. Além disso, a defesa aponta que, com o julgamento do mérito concluído, mesmo que sem trânsito em julgado, não haveria mais razão para a continuidade das cautelares diversas da prisão. Com isso, os advogados pedem:
- A imediata revogação das cautelares diversas da prisão, especialmente com a retirada da tornozeleira eletrônica;
- A restituição de todos os bens e valores apreendidos em posse de Cid e seus familiares pela Polícia Federal;
- A restituição dos passaportes do militar, apreendidos no curso da investigação.
A defesa informou que, embora o acordo preveja proteção da Polícia Federal a Cid e seus familiares, “por ora, não há necessidade, se reservando a defesa, no entanto, o direito de posteriormente e em caso necessário, voltar à Corte para postular”.
Cid atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi o único a fechar um acordo de delação premiada. A Primeira Turma o condenou, por unanimidade, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e, por maioria, por outros quatro crimes.
Bolsonaro recebeu a condenação mais dura entre os réus do “núcleo 1”, com pena de 27 anos e 3 meses, sendo 24 anos e 9 meses de reclusão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado, 2 anos e 6 meses de detenção, além do pagamento de 124 dias-multa (no valor de dois salários mínimos).
FonteGazeta do Povoe