A Justiça de São Paulo determinou a soltura de Gabriel Vieira dos Santos, acusado de roubar a arma do cabo da Polícia Militar (PM) Johannes Santana, baleado no pescoço durante uma abordagem policial em Paraisópolis, zona sul da capital paulista. A decisão foi assinada na última sexta-feira, 5, pela juíza Juliana Dias Almeida de Filippo, de acordo com o portal UOL.

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A magistrada negou a manutenção da prisão preventiva para Gabriel e levou em consideração que ele é réu primário e possui bons antecedentes. “Não se verifica, a princípio, qualquer comportamento do corréu Gabriel que justificasse a medida extrema da segregação cautelar”, registrou a juíza. Ela acrescentou “que as medidas cautelares diversas da prisão se revelariam suficientes à hipótese”.

Mesmo em liberdade, Gabriel terá de cumprir duas obrigações: comparecer a cada dois meses em juízo para justificar suas atividades e não deixar a comarca por mais de sete dias sem autorização judicial. O descumprimento pode resultar em prisão preventiva.

Prisão de Gabriel e preventiva para o atirador

Gabriel havia sido detido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) dois dias depois do crime. No momento da prisão, a polícia recuperou a pistola do cabo Santana e uma lanterna. Ele foi levado para a sede do departamento.

Na mesma decisão em que determinou a soltura de Gabriel, a juíza decretou a prisão preventiva de Kauan Alison Alves dos Santos, de 20 anos, apontado como autor do disparo que atingiu o pescoço do policial. Segundo a decisão, há provas de materialidade e indícios de autoria do crime, que prevê pena máxima superior a quatro anos de prisão.

O autor possui passagens criminais por roubos desde a adolescência. Foram registrados dois atos infracionais em 2022, um em 2023 e uma passagem já como adulto em 2024. Ele segue foragido.

Abordagem em Paraisópolis

O caso ocorreu em 7 de agosto. Na ocasião, o cabo Santana perseguia suspeitos de assaltos em Paraisópolis. As imagens da câmera corporal do policial mostram a perseguição, a abordagem e o momento do disparo.

Nas gravações, Santana aparece em uma moto seguindo o suspeito até alcançá-lo em uma travessa da comunidade. Durante a tentativa de imobilização, moradores se aproximam e questionam a ação. Um deles chega a dizer: “Rapaziada, cola aí, vamos ajudar o moleque”. Em seguida, começa uma luta corporal.

Em determinado momento, o suspeito levanta a arma e atira à queima-roupa no pescoço do policial. Pelas imagens, nota-se que o cabo não percebe que o homem estava armado. Depois do disparo, ele cai no chão e aciona o Centro de Operações da PM (Copom). “Roubaram minha arma, estou baleado”, disse o agente.

O policial chegou a perguntar a moradores se havia sido atingido por uma pedra ou por um tiro: “Foi tiro, moço, foi tiro”, respondeu uma testemunha.

Recuperação do PM e homenagens

O cabo Santana foi levado ao Hospital das Clínicas pelo helicóptero Águia da PM. Depois de uma tomografia que não mostrou lesões em órgãos vitais, ele recebeu alta médica no dia seguinte.

No fim de agosto, o policial foi homenageado pela corporação com a Láurea de Mérito Pessoal em 1º Grau, a mais alta condecoração da Polícia Militar. A entrega ocorreu no Quartel do Comando-Geral da PM, com a presença do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e do comandante-geral da corporação, coronel José Augusto Coutinho.

Na cerimônia, Coutinho declarou: “Na PM, quando vamos exaltar heróis, infelizmente, fazemos isso entregando uma bandeira dobrada para a família do policial”, afirmou. “Ainda bem que desta vez não aconteceu dessa forma.”

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