Ao encerrar seu voto na ação penal que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Flávio Dino ironizou nesta terça-feira (9) as sanções americanas impostas ao ministro Alexandre de Moraes, minimizando seu efeito sobre o julgamento.
“Alguém imagina que alguém chega ao Supremo e vai se intimidar com tuíte? Será que as pessoas acreditam que um tuíte de uma autoridade de um governo estrangeiro vai mudar um julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vai mudar o julgamento do Supremo?”, questionou Dino em tom de ironia.
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O ministro se referia a publicações feitas por autoridades do governo dos Estados Unidos, como o secretário de Estado Marco Rubio. Após o ministro Alexandre de Moraes ser incluído entre os sancionados pela Lei Magnitsky, Rubio alfinetou também os demais ministros.
“O presidente [Donald Trump] e o Departamento do Tesouro americano sancionaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob o programa de sanções Global Magnitsky por graves violações de direitos humanos. Que isso sirva de alerta para aqueles que atropelam os direitos fundamentais de seus compatriotas — togas judiciais não podem protegê-los”, escreveu o secretário de Trump em uma de suas publicações no X.
Ao ser sancionado pela Lei Magnitsky, também chamada de pena de morte financeira, Moraes teve cartões de crédito de bandeira americana bloqueados. Além disso, o visto americano de Moraes foi bloqueado, o que o impede de entrar nos Estados Unidos. O bloqueio do visto também afeta outros ministros.
Após a menção ao Mickey, Moraes ainda interveio, mencionando o Pateta, outro personagem da Disney. “É, o Pateta aparece com mais frequência nesses eventos todos”, completou Dino após a intervenção do colega.
Dino encerrou dando um recado aos críticos do julgamento. “Nós estamos aqui, fazendo o que nos cabe. Cumprindo o nosso dever. Isso não é ativismo judicial, não é tirania, não é ditadura. Pelo contrário, é a afirmação da democracia que o Brasil construiu”, concluiu o ministro.
FonteGazeta do Povo